quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

A Morte de Dona Marisa e a Erupção de Ódio no Brasil

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Quem aguenta essa erupção de ódio no Brasil?

Essa gente hipócrita, mentirosa e covarde, com a cara lavada fingindo ser Deus.

Decidindo com a boca suja de maldizeres quem merece viver e quem merece morrer. Quem vai para o céu e quem vai para o inferno. Quanta arrogância!

Comemorando velório, linchamento e tortura.

Quem são vocês? Esse Deus que vocês dizem acreditar certamente choraria com essa existência tão tacanha e violenta.

Gente mal amada! A verdade é essa. Mal amada.

É desamor. Falta amor. Falta realização. Poços de frustrações cavados embaixo dessa terra de satisfações descartáveis e instantâneas.

Gente que baba ódio pelo canto da boca. Que despeja nos outros o ressentimento pela própria vida amarga. Gente apegada num monte de bosta que a propaganda repete ser importante.

Gente que tem o hálito de urubu porque carrega no fígado o chorume. Porque tem a língua suja e a ponta dos dedos podres de tanto teclar violência.

Até quando vamos nessa toada?

Já conseguiram tudo. Já deram o golpe. Já têm o Brasil de volta. O Brasil obscenamente de joelhos. Já estão sendo restauradas as velhas hierarquias. Quem manda e quem obedece. Já têm milhões de pessoas fazendo fila no quarteirão para aceitar o salário que der. Pronto! Já estão todos humilhados e chorando aceitando qualquer emprego. Sim, aqueles que vocês reclamavam por não estarem mais dispostos a servir sob qualquer condição. Aqueles que eram os vagabundos que não queriam trabalhar. Aqueles que ocupavam desagradavelmente seus lugares preferidos. Pronto! Ninguém mais precisa pagar o pato. Essa massa de trabalhadores está agora contribuindo patrioticamente com a baixa da inflação, pois seu "poder de compra" não causa mais "pressão inflacionária". Agora é tudo de vocês. O que mais vocês querem?

É preciso desejar a morte do próximo?

Quem aguenta tanto ódio?

A Dona Marisa não aguentou. Trabalhadora humilde, certamente estará num lugar melhor do que esse.

Depois de tanta luta, de fazer tanto pelo Brasil, estava na iminência de ser encarcerada. Mesmo sem ser política. Mesmo vivendo uma vida simples.

Assim como Eva Perón jamais foi perdoada pela oligarquia argentina por ter sido pobre, por ter sido uma filha não reconhecida "fora do casamento" da santa igreja, por ter se aventurado sozinha na cidade grande, por ter sido atriz, quando isso era "coisa de puta" e, principalmente, por Evita ter vencido na vida e jamais ter mudado de lado. Por ter sido fiel a sua origem social. Evita não suportou tanta violência. Embora tenha lutado sempre com valentia, seu corpo sentiu os efeitos do ódio de classes. Nos últimos dias de sua vida, os muros de sua residência amanheceram pixados com a frase: "Viva o Câncer!".

Da mesma forma, as oligarquias brasileiras e certa parte da classe média servil, cafona e burra que se esfrega gostosamente no opressor e esmaga os mais fracos, jamais perdoaram essa "lavadeira" de São Bernardo do Campo por ter superado todos os obstáculos e estado ao lado de seu marido, retirante nordestino, no posto mais alto da nação, sendo o um dos maiores presidentes da nossa história. Jamais aceitariam a Dona Marisa vencer.

Aceitam de bom grado a bela, recatada e do lar. Ainda que seja tudo uma mentira, porém, uma mentira ideal. Pois é muito mais fácil se projetar como Marcela do que se reconhecer como Marisa. Pior, se sentir menor que a Dona Marisa é o terror para muitas dondocas, ou metidas a dondocas e também aos "dondocos".

E a Dona Marisa não se curvou. Foi ela mesma. "Simprona de tudo". Não caiu de joelhos, como alguns gostariam, em reverência à "chiqueza" dessa high society banal.

Como Dona Marisa ousou desfazer de tudo isso que muitos acreditam ser tão importante?

Passar pelo posto de primeira dama e depois voltar para o apê em São Bernardo, ir fazer piquenique com o marido carregando o isopor na cabeça e descolar um pedalinho pra brincar com o seu neto em Atibaia.

Sim, nessa sociedade tão hierarquizada, vertical e baseada no prestígio pessoal é imperdoável. Dona Marisa mesmo sem fazer um discurso sequer, subverteu o psicológico dessa nação. Cavucou em tudo aquilo que há de mais tacanho e feio no Brasil.

Não por acaso a erupção de ódio dessa gente careta e covarde.

Essa gente que aceita de bom grado a miséria, a injustiça e, permitam-me dizer, aceita sim de bom grado a corrupção, desde que ela seja praticada pelos velhos senhores, desde que venha de quem está em cima da pirâmide social. A Lava Jato prova isso a cada dia.

À propósito, não posso terminar esse texto sem dizer uma frase em homenagem à Dona Marisa:



ENFIEM SUAS PANELAS NO CU!