segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O Boneco do Lula como Símbolo da Psicopatia Social


Deixem o boneco do Lula Lá!
Até que ele é bonitinho.
Pode até ser engraçado para alguns.
Mas para algumas mães, esposas, irmãos ou irmãs que têm parentes encarcerados injustamente, sem direito à defesa, sem grana pra advogado, que sempre sofreram esculacho em algum lugar remoto das periferias do Brasil, pode não ter graça nenhuma.
Eles até já sabem que cadeia nesse país é só pra certo tipo de gente.
O Lula pode até ter virado presidente, mas continua sendo da ralé! Chegou a um lugar onde tantos outros bacanas desejariam estar. Como assim? Isso não pode.
O boneco do Lula é uma manifestação legítima, espontânea e sincera para mostrar pra tudo mundo ver "onde ele deveria estar". Esse nordestino cachaceiro não poderia vencer na vida impunimente.
Subverter a hierarquia social, não apenas com seu sucesso, mas dando vez, voz, espaço e coragem para outros tantos subversivos que "furaram a fila" e deixaram de ser inferiores.
Na fantasia doentia que habita na psicopatia escravocrata brasileira, o Lula representa o "sucesso alheio". Ele personifica a frustração de quem sente que vive em uma sociedade incapaz de reconhecer o seu próprio mérito. Ele é o culpado de todos os fracassos. Sejam derrotas profissionais ou afetivas. O Lula teria construído essa sociedade que premia os que outrora eram subjugados. Uma sociedade que não mais reconheceria o mérito pessoal (que todo mundo acha que tem), que dá força aos que ultrapassaram seu lugar na fila do sucesso. Que o torna "desinteressante", mesmo seguindo a cartilha que ele acreditou a vida inteira. Por isso existe tanto desejo de voltar ao passado. A fantasia da ditadura, em verdade, é o desejo de restauração da velha ordem. Onde todo mundo sabia o seu lugar na sociedade. Quando alguns mandavam e outros obedeciam.
O Lula precisa ser encarcerado e malhado. É evidente. Ele incorpora o incômodo com as mudanças sociais do nosso tempo, a resistência inclusive (pasmem) com a globalização, com as transformações nas relações de gênero e raciais. Das mulheres e dos filhos que não mais obedecem, das relações homoafetivas.
O boneco é um símbolo importante. Fantasia-se que ao virar realidade a prisão do Lula, todos os problemas estariam resolvidos.
Quem está preocupado com o futuro do Brasil? isso não teria jeito mesmo. O símbolo tem importância muito mais afetiva. A morte do Lula acalantaria ou repararia uma desordem social e também interna, dentro de cada indivíduo.
Ora, se quiserem contestar a minha análise fiquem a vontade. Só não queiram me fazer acreditar que estão todos mobilizados contra a corrupção.
Corrupção que nada!
Estamos repletos de fascínoras e canalhas de todos os tipos aqui nesse país. Infelizmente, no Brasil isso não falta.
Corruptos estabelecidos em nossas instituições, com escândalos comprovados e são até considerados políticos carismáticos, afáveis e admirados por sua inteligência e sagacidade. São até simpaticamente e elogiosamente chamados de "raposas".
O Brasil e o mundo revelaram outros tantos líderes políticos criminosos, genocidas, torturadores. Nenhum deles mereceu um boneco exaltado com idolatria reversa e catarse coletiva.
Ocorre que nenhum desses crápulas que a história nos ofereceu veio "de baixo". O Lula poderia ter ficado rico com um escambo qualquer em São Bernardo do Campo que não seria odiado. O problema é ele estar em uma hierarquia superior. Isso realmente incomoda.
Mas deixem o boneco do Lula Lá!
Ele nos revela muitas coisas que certamente servirão de aprendizado historico.
Realmente, o Lula não poderia fazer tudo o que fez e ficar impune.
Tirar mais de trinta milhões de pessoas da miséria, praticamente acabar com a fome no Brasil, reduzir em 70% a mortalidade infantil, permitir o acesso dos pobres e negros nas universidades, restaurar o capitalismo brasileiro dinamizando a economia, fortalecendo o setor produtivo, recuperando a construção, empregando, formando, e incluindo uma classe média que aparentemente hoje o odeia.
Nenhum boneco estúpido roubará a contribuição de Lula para a história do Brasil. Certos tipos de personagens jamais deixarão de ser controversos pois não dá para fazer o bem em larga escala sem ferir as suscetibilidades. Desagrada-se, desde grandes interesses, até as mais pequenas mesquinharias.
Foi assim com grandes homens do passado. Não seria diferente com o Lula.
Certamente ele terá um lugar muito mais honrado do que certos líderes vaidosos, covardes e renegados que na hora em que o Brasil mais precisou, viraram as costas para seu povo.
A história dessa nação não condecora traidores.
Lula jamais esqueceu de onde veio e nunca traiu a sua gente.
A grande corrupção do Lula que ofende quem agora arrasta esse boneco de cima pra baixo, foi corromper a pirâmide da hierarquia social. Essa dói no fígado de certo tipo de gente. Por isso são tão amargos.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O bagulho aqui é loco! Aqui é Corinthians, porra!



Por isso que eu amo tanto o Corintihans.
Pra redimir. Pra dar voz. Pra falar por mim. Pra me projetar no mundo num lugar onde eu não alcanço. Pode ser até ilusão. Mesmo assim eu adoro.
Corinthians líder. Campeão do primeiro turno de um campeonato que aparentemente já tinha dono.
As manchetes sensacionalistas conspiratórias já davam conta da nossa inevitável falência. Do nosso flagelo.
Primeiro disseram que ganhamos um estádio "de grátis".
Depois que não teríamos como pagar.
Decidam-se!
Derrotados, agora culpam a arbitragem, a Odebrecht, o Lula, a FIFA, a NASA, a CIA, a KGB, o Golpe Comunista, o Foro de São Paulo, o Napoleão Bonaparte, o Fidel e a Mãe Dinah.
Sempre foi assim.
Ninguém atura o Corinthians.
O anticorinthianismo ressentido está babando de ódio. Chorando. Morrendo.
Claro, é muito difícil ver nossa alegria. A festa do povo!
Quer saber, muito obrigado a todos!
É preciso confessar. A gente estava mesmo de bode. Um quebra pau danado. Um culpando o outro. Esse elenco nem era tudo isso. Estávamos meio desunidos e até desorientados. Mudamos de casa e não entendíamos completamente onde morávamos.
Mas vocês nos fizeram lembrar!
Vivemos ao lado oposto de vocês.
Vivemos no lado B da cidade, num Brasil que não sai no cartão postal.
Não somos a torcida mais ainimadinha, colorida, coreografada e simpática.
O bagulho aqui é loco.
Aqui é Corinthians, porra!
Algo que vocês nunca vão entender.
Temos presença de espírito! Por isso ganhamos justamente quando vocês esperavam que iríamos perder.
O ódio de vocês nos torna mais fortes.
Somos algo imaterial e metafísico.
Somos uma força que vai além da natureza. Uma existência cósmica.
Aceita que dói menos!
Se dependêssemos do afago de vocês pra sermos felizes já teríamos sumido do mapa há mais de um século.
Já nascemos perseguidos e penetras nessa festa pobre, que os homens armaram.
Sobrevivemos e somos maiores a cada tentativa de nos degenerar.
Nós somos a mosca que perturba o seu sono. 
A mosca no seu quarto a zum zum zumbizar!
Vai Corinthians!

Ps: O choro é livre.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O Coxinha e o Alienado




Antigamente a gente não chamava ninguém de coxinha. Dizia-se "alienado".
Mas, efetivamente, trata-se de categorias diferentes.
Vendo hoje, o alienado até que era uma figura muito simpática. Nem sei porque a gente ficava tão puto com os alienados.
O alienado, voluntariamente ou involuntariamente, preferia permanecer longe das celeumas que habitavam na luta de classes. Não queria ver respingando em si nenhum detrito dos grandes conflitos e sub-conflitos da Guerra Fria.
O coxinha não é nada simpático. É ofensivo. Parte de uma necessidade existencial de ser afirmativo. Sente-se orgulhoso em defender tudo aquilo que o acúmulo histórico da humanidade deveria fazer com que ele tivesse muita vergonha de dizer.
O alienado queria ouvir música alegre, cantar canções que não fossem monotonamente engajadas, contar piadas, fazer sacanagem, jogar bola, assistir novela, torcer pra seleção.
O reacinha precisa proferir xingamentos, ofensas, condenar os outros ao linchamento, não consegue nem pretende esconder seu discurso violento recoberto com roupas de grife, cara de santo e cabelos bem cortados.
O alienado queria transar ao som de Roberto Carlos, fazer quatro ou cinco filhos e viver como Deus manda, pois onde comem seis comem sete, é só botar mais água no feijão.
O fascistinha de merda nem transa tanto, pois fica deserotizado de tanto cagar regra sobre a sexualidade alheia. Presume-se que ele é muito ruim de cama. Fica falando alto no restaurante "que tem que fazer controle de natalidade e esterilizar os pobres para que eles não tenham mais filhos".
O alienado parecia ser sempre "de boa". Estava sempre bem disposto. Acabava por ser sexualmente atraente. Era divertido!
O ditadorzinho de boutique está sempre com cara de cu! Pede sempre a palavra, bate na mesa, quer falar mais alto que os outros, porém quando tem a palavra só fala bosta! Na hora as pessoas nem discordam porque "o médico mandou não contrariar", mas na próxima vez que ele aparece, um olha pra cara do outro e diz: "pãããtaquipariu". Diz-se que ele (ou ela) é brochante.
O alienado tinha sempre o benefício da dúvida. Era uma vantagem estratégica. Caso ele não soubesse nada do assunto, também não discutia com os outros. Dava um sorriso doce e depois propunha um tema mais divertido. Era um cara legal.
Já o coxinha tem a capacidade de ministrar uma palestra de 45 minutos sobre tudo aquilo que ele não sabe porra nenhuma. E pior, é aplaudido por cinco centenas de admiradores num auditório lotado.
O alienado não queria encrenca com "os cana". De vez em quando fumava um só no sapatinho ou tomava um pileque ouvindo um samba.
O reaça marombado usa camiseta do exército de Israel, fica doente do fígado de tanta bomba e suplemento alimentar, gosta de dar carteirada e quando vai na passeata tira foto com a PM pra postar no Insta.
Ah... essa modernidade deixa a gente tão nostálgico.
Saudade do bom e velho alienado! Boa gente aquele cara...

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A Jabuticaba e o fim dos tempos


Logo cedo fui comer pastel na feira.
Passei por uma barraca com jabuticabas lindas e perfumadas.
Fiquei com água na boca imediatamente.
Perdi o tesão ao saber do preço. Cinquenta reais o quilo.
Mais do que isso, fiquei triste mesmo.
Aquela fruta tão simpática que a gente comia de graça. Recolhia inclusive as que caiam no chão.
A fartura era tanta que ninguém cobrava dos amigos.
A molecada fazia guerra de jabuticaba.
Agora a jabuticaba custa mais caro que a picanha.
Em algum momento as pessoas decidiram que essas árvores lindas eram inconvenientes.
A especulação imobiliária tornou os espaços cada vez mais reduzidos e os grandes quintais foram suprimidos.
Talvez, alguns até se envergonhassem em comer essa "fruta de pobre" que só dá no Brasil e, muito provavelmente por isso, seria menos importante do que as outras frutas mais glamourosas ou os doces enlatados da Nestlé.
Pior mesmo é perceber outras tantas imbecilidades em curso sem conseguir fazer nada. Tanta violência contra o planeta. Estupidezes travestidas de modernidade. O ser humano a cada dia se aliena da própria natureza e dos próprios gostos num permanente esforço para estar adequado a esse processo recivilizatório.
Não está longe o dia em que pagaremos para alguma multinacional concessionária um boleto mensal pelo fornecimento do ar que respiramos.
E pagaremos felizes da vida. Agradeceremos a visão empreendedora de seus CEO's que farão palestras nas universidades brasileiras em auditórios lotados de estudantes devidamente "chipados", sonhando com o dia em que serão aceitos neste novo mercado de trabalho.

Sobre ser pai...



Acho que mereço sim ser parabenizado pelo dia dos pais.
No final das contas, devo ser um bom pai.
É certo que errei bastante. Até porque não é nada fácil. A vida não é fácil. Ser pai molecão torna a tarefa mais difícil ainda.
Ser pai é mil vezes mais difícil do que ser filho.
O filho pode errar porque é humano.
Do pai se exige capacidades extraordinárias. Referências morais. Não frustrar a idolatria do filho. Ser super-herói.
E, de verdade, a gente é tão pequenininho...
Quando o filho te descobre humano, imediatamente você se torna menor. É difícil pra você e muito difícil pra ele também.
Tudo aquilo que a gente tinha como verdade cai por terra quando a gente vira pai.
A nossa tarefa exige decisões difíceis e "impopulares". É um cargo de liderança.
Hoje entendo muito melhor o meu velho.
A gente não têm clareza sobre todas as coisas. Somos passíveis de erros, deslizes, equívocos.
Estamos permanentemente em dúvida.
Por fim, o que nos orienta mesmo e acaba por ser definidor são nossas escolhas. E quase sempre somos obrigados a fazer escolhas difíceis. Carregar um fardo, sacrificar-se sem muitas vezes ser reconhecido por isso.
Talvez as mães sejam mais reconhecidas. Definitivamente elas são mais populares. O afeto, o abrigo, o conforto.
O cargo de pai não é fácil. Te digo que é difícil.
Muitos se esmagam e simplesmente renunciam. Dão no pé.
Você pode ser culpado por ser presente demais, opressivo, ou no minuto seguinte ser considerado ausente e indeciso.
O pai tem que estar preparado para as críticas. Para as incompreensões. Para as "manchetes negativas".
Tem que no fundo do coração acreditar nos seus propósitos.
Devo ser um bom pai. Fiz opções, escolhas, investimentos. Decidi sempre estar próximo da minha filha e não me afastar. Abri mão de tantas outras coisas para isso.
Impus minha presença mesmo quando ela não era tão desejada.
Sei lá. Escolhi assim. Dos possíveis erros era o mais suportável pra mim. Demonstrei com todas as forças o amor gigantesco por ela. Beijei, abracei. Impedi afastamentos e lacunas.
Se exagerei demais, depois ela resolve na terapia. Mas eu preferi assim.
Sei que sou muito feliz por minha filha viver comigo hoje.
Ela tem um amor infinito por sua mãe. Não se trata de competir.
Mas sou muito orgulhoso por ela se sentir à vontade e ter decidido compartilhar sua vida sob o mesmo teto que eu.