quarta-feira, 24 de junho de 2015

Ciclovia na Zoropa

Ciclovia junto da faixa de ônibus, pintada de vermelho e meio borrada!
Que falta de planejamento. Que improviso.
Malditos comunas!
Opa... péra... É aqui em Londres?
Ah... Que arrojado!
Gostei!




terça-feira, 16 de junho de 2015

Demitiram o cara do telão? O Estádio deveria se chamar "Arena #PõeNoDVD"





Qual o problema do telão do estádio do Corinthians projetar o #PoenoDvd, em livre brincadeira contra o Inter de Porto Alegre?


Foi uma das coisas mais bacanas que já aconteceu nesse estádio ainda carente de calor, sinergia e intimidade com a Fiel.

Fez até a gente lembrar o porquê gostamos de futebol. O que nos motiva a assistir uma partida. A sair de casa e ir a um estádio.

Algo muito mais legal do que essa dissimulação dos jogadores sabonetes que fingem chorar, fingem vibrar, inventam uma dancinha de balada country pra cá, uma coreografia animadinha pra lá.

São artificiais até quando apontam aos céus e agradecem a Deus, como se o Pai tivesse desistido de reparar um desastre humanitário na África para interceder em favor de um atacante, ainda que isso significasse o flagelo do goleiro.

O futebol está um saco! Cada vez mais plastificado.

Aquele telão gigante tão lindo do nosso estádio ficou muito mais interessante do que quando são transmitidos os enfadonhos e monótonos beijinhos da torcida, no maior estilo "filma eu Galvão".

Eu adorei o #PoenoDvd.

E digo mais, por qual motivo isso ofenderia o Inter?

O Inter foi xingado do quê?

Qual injúria foi proclamada?

Qual violência esse feito desencadeou?

Não houve sequer uma palavra ofensiva à instituição do Internacional.

Ao contrário, o Corinthians nada mais fez, por meio de uma gozação, do que um desagravo ao seu nome e sua torcida.


Essa sim foi xingada - essa e tantas outras vezes - como de "time de ladrão". "De bandido". "De analfabeto".

Muito pior do que uma frase divertida num telão é usar uma suposta rivalidade futebolística pra destilar preconceito social, ódio de classes, quando não animosidades regionais que nos fazem menores, não maiores.

Sacanear o "DVD" é também fazer uma crítica a esse esporte "chorado" cada vez mais cheio de mimimi e muito menos humano.

Vai Corinthians!

É nois!

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Não sou da Tradicional Família Brasileira



Não pertenço a tradicional família brasileira.
Talvez seja até um subproduto dela.
No entanto, estou mais para uma ovelha desgarrada.


Um filho ingrato.

Não sou da tradicional família brasileira porque tal qual o Raul "eu quero é ter tentação no caminho". Não sou religioso. Aliás, desconfio muito dos religiosos pregadores. Inevitavelmente, há algo de pérfido em quem precisa falar de Deus a todo momento. Estão sempre prontos para julgar, condenar, reprimir. Dispensando análises mais sofisticadas, sempre achei os religiosos pessoas meio tristes, prontos mais para a morte do que para a vida. Talvez por isso se incomodem tanto com a felicidade alheia e a vejam como ameaça.


Não sou igual a tradicional família brasileira.
Eu não ligo para a Polícia às dez da noite se meus vizinhos não baixarem o som. O ano tem 365 dias, não vou encher o saco de ninguém que dedica um desses dias, quase sempre maçantes (convivendo com pessoas da tradicional família brasileira), para fazer uma festa com os amigos. Aliás, dificilmente estou em casa às 22 horas para reclamar dos meus vizinhos. Estou vivendo por aí, na rua, nos bares, nas festas, nas orgias. Me ocupando de muitas outras coisas para não me tornar um velho estúpido e aborrecido que faz a vida dos outros insuportável. Caso esteja em casa, quieto no meu canto, fecho a porta do quarto, coloco um fone de ouvido e fico numa boa.


Não sou aquele típico cara da família brasileira. Não faço voz de valentão. Não fico contando história que eu quebrei a cara de não sei quem ou que eu discuti com o escrivão. Aceito a zueira dos meus amigos numa boa. Não sou o cara que bate na mesa, que faz cara de malvado, diz que é machão, grita alto que os viados merecem apanhar, que as sapatonas precisam de rola, que essa molecada não tem vergonha na cara e em seguida sai escondido pelas ruas da cidade, para no cruzamento e se entrega de desejo ao primeiro travesti.


Não creio que seja da tradicional família brasileira. Não lavo meu carro na porta de casa, passando palito de dentes na fresta dos pneus e cotonete com álcool na saída da ventilação. Na verdade meu carro tem quatro camadas diferentes de poeira, oriundas das diferentes estações do ano. Não gosto mais do meu carro do que da minha mulher. Não trato meus amores como coisa. Não gosto mais das coisas do que das pessoas.


Não sou dessa família tradicional. Odeio ciúmes. Tenho raiva de ciúmes. Não abro mão da minha vida para obrigar o outro a abrir também mão da sua. Não me fecho num casulo de mediocridade. Não sou um homem de família. Caso eu sinta ciúmes sufoco esse sentimento da maneira que posso. Não controlo a roupa que minha namorada vai vestir. Não a impeço de seduzir caso queira nem de sair de pijama caso queira, nem de ser invisível caso queira.


Não sou da tradicional família brasileira. Eu respeito a faixa de pedestres. Uma coisa que eu não entendo na família brasileira é que se algum motorista descuidado deixa sem perceber a porta do carro entreaberta, as pessoas fazem de tudo para alertar. Buzinam, emparelham o carro, mudam até de caminho. Abaixam o vidro e gritam: "a porta está aberta". Sentem-se bem com isso. Mas logo em seguida, caso alguém precise de passagem, avançam o carro na frente, fecham o espaço, brigam por cada centímetro no asfalto.


Não sou da tradicional família brasileira porque nunca sai gritando que "a Dilma é comunista, vadia, guerrilheira que pegou em armas e quer transformar o Brasil numa Cuba". Aliás, achei ótimo quando ouvi tudo isso. Me encorajou mais ainda a votar nela. Pena que o barulho da família brasileira é estridente como o choro de suas crianças mimadas que fazem escândalo nos shoppings - aliás, não sou da tradicional família porque simplesmente odeio shopping e não fico fazendo escândalo por causa de vaga de estacionamento - voltando, pena que esse grito estridente seja mais alto do que o meu e que a Dilminha governe tentando fazer média com essa gente boba e reacionária que está preocupada justamente com as "tradições" e aí estão incluídos os privilégios, hierarquias e a memória escravocrata. Essa tradicional família não vai defender ela nem que seja recuperada integralmente a agenda política e econômica do FHC. Não se trata disso. Ela não está entendendo nada e tá ferrando com tudo.


Não sou da família brasileira. Não me emociono com o Roberto Carlos em Jerusalém. Aliás, mesmo sem conhecer já odeio Jerusalém. Odeio todas as cidades religiosas, sejam elas Hindus, Muçulmanas, Judaicas-Cristãs, Budistas ou Pirapora do Bom Jesus. Prefiro as cidades com vida noturna, boas bebidas, boa música, repletas de tentações.


Não sou da tradicional família brasileira porque odeio fazer compras.


Não sou da tradicional família brasileira porque adoro livrarias, menos a prateleira de auto-ajuda.


Não sou da tradicional família brasileira. Não quero o "torcedor comum" nos estádios. Esses caras são um saco, são zicados, não sabem torcer, vaiam até minuto de silêncio, tiram duzentos selfies em noventa minutos e gritam gol antes da hora.


Não sou da tradicional família brasileira. Sou "a favor" dos direitos humanos. Sou contra a redução da maioridade penal. O cara que o Datena xinga SOU EU!


Não sou da tradicional família brasileira. Aliás, essa gente é um saco!


Vamos fugir (give me your love), desse lugar, baby. Pra onde quer que você vá, que você me carregue...