terça-feira, 9 de setembro de 2014

O Facebook e a pangeia social


O Facebook, mais do que qualquer outra rede social, evidencia as diferenças entre pessoas muito próximas.
Preferencialmente, ela aproxima amigos e parentes, mas ocorre que poucas pessoas estão preparadas para o contraditório.
Nas festas de família ou nos churrascos entre amigos é possível se esquivar em marcar posição sobre determinados temas. Principalmente quando sua opinião é diferente da predominante naquele espaço.
As maiorias são "corajosas". Acreditam cegamente em si mesmas e não suportam serem contrariadas.
E para falar a verdade, quem quer passar o tempo todo discutindo e debatendo? A gente ouve os absurdos e fica em silêncio. Muito melhor assim.
Mas aqui no FB não dá. De algum modo este ambiente favorece a tomada de posição. Aí que ferra tudo.
Os donos da verdade ficam cegos de ódio. Babam de raiva. São intolerantes consigo mesmo, como poderiam tolerar as diferenças dos outros?
Amizades se afastam. Pessoas que antes eram suas amigas adquirem uma antipatia insuportável.
Nas grandes cidades, cada vez mais os espaços de convivência estão divididos. Você olha na cara das pessoas. Da pra ver se determinado bar ou restaurante é de gente cult, gay, reaça, yuppie, racista, vermelho, coxinha, alienado, machista, feminista, motoqueiro, BlackBlock.
Há tempos existem os circuitos e as tribos, mas nunca estivemos tão divididos. Você vai num lugar com um "tipo de gente" diferente de você e no seu íntimo sente vontade de exterminar a todos.
Rapidamente estamos todos indo para um gueto que é social, mas também pessoal, íntimo e afetivo.
Estamos nos dividindo (mais do que o necessário), mas por outro lado também estamos nos aproximando. Sobretudo, de gente que concorda conosco.
Talvez, o brasileiro esteja mudando. Talvez, em algum momento, a conciliação não seja mais a nossa opção principal nos momentos difíceis. Talvez caminhemos ou estejamos preparados para certos conflitos.
Desejo que as minhas e as suas amizades sobrevivam até o final da eleição.

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