segunda-feira, 18 de março de 2013

O Papa é POPulista

O Papa é POPulista




Na América do Sul, qualquer líder que governe buscando apoio político para além das alianças regulares com a elite, é considerado um populista. 

Enquanto o governante mobilize todas as energias produtivas do Estado em defesa dos interesses da elite, de acordo com as principais experiências ao longo da história está tudo de acordo com a normalidade.

Afim de garantir o apoio da grande imprensa e as grandes subvenções financeiras às campanhas eleitorais, os grandes políticos procuram a todo momento o apoio político das oligarquias locais, com favores, afagos e grandes negociatas.


O chamado "populismo" prosperou na história republicana da América Latina porque sempre houve um contingente populacional carente de representação política, e por conseguinte, carente de inclusão social na ordem estatal.


Neste infeliz continente, onde a elite se apropria de todas as riquezas nacionais, cooptando os servos das classes médias brancas e deixando as migalhas para os pobres, não seria motivo de surpresa que os políticos mais ousados capturassem a carência  de representatividade das grandes populações amontoadas nas roças, vilas e favelas, e alijadas do cenário político.


Nos anos 30 e 40  foram os operários e trabalhadores industriais os novos protagonistas políticos.


Os governantes que criaram as primeiras legislações trabalhistas no continente, ganharam o estigma de demagogos e foram posteriormente qualificados como populistas.


Nos anos seguintes, as mulheres ganharam o direito ao voto.


Mais recentemente, na virada do novo século, os miseráveis, sem vínculo formal com o mercado de trabalho, sem acesso à terra, à justiça, à educação, à saúde e qualquer outra garantia de proteção do Estado, foram incluídos no processo democrático por governos que estabeleceram uma rede de benefícios sociais e principalmente souberam estabelecer uma comunicação direta com este grande eleitorado que foi desvinculado do histórico domínio político dos velhos coronéis.


Os líderes deste processo também foram qualificados como populistas.

O Papa Francisco, nascido na Argentina, berço esplêndido de grandes políticos populistas, foi imbuído da tarefa de restaurar a Igreja e arrebanhar um novo contingente de fiéis.

Não foi escolhido à toa. Conhece muito bem quais os recursos possíveis para executar esta responsabilidade sagrada.

O Papa Francisco dispensou o trono de ouro e ao invés de abençoar os fiéis pediu que eles todos o abençoassem primeiro.

Pagou a própria conta no hotel, deixou ser fotografado andando de ônibus e ao invés de ostentar um crucifixo de ouro, exibe uma modesta cruz de latão.


Ao invés do tradicional sapato vermelho da autoridade eclesiástica, apareceu na missa com simples sapatos pretos de cadarço.


Pois bem, será que o novo Papa também será chamado de populista pela elite eclesiástica ressentida?


Hay que endurecer, pero sin perder la catimba jamás!





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