quarta-feira, 13 de março de 2013

Manifesto em defesa dos doze brasileiros detidos injustamente na Bolívia.

Senhor Ministro das Relações Exteriores Antônio Patriota

Senhora Presidenta da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara Federal Deputada Perpétua Almeida

Senhor Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal Senador Ricardo Ferraço

A tragédia ocorrida na cidade de Oruro na Bolívia, com a morte do jovem Kevin Espada, causou justa comoção e indignação na Bolívia, no Brasil e em diferentes partes do mundo.

A perda da vida do jovem Kevin entristece não somente os amantes do esporte, mas todos aqueles que lutam pela paz e pela justiça.

Nenhuma disputa desportiva pode justificar um feito tão violento. Devemos todos perseverar para que este episódio não se repita. Que nenhum outro jovem perca sua vida por dolo ou por imprudência ocorrida no interior de um estádio de futebol, local onde deveria sempre imperar a alegria e a confraternização. Que nenhuma outra família tenha de chorar a perda de um ente querido, que na busca de uma atividade lúdica e apaixonada, torna-se vítima de imperdoável violência.

Todos queremos justiça.

Mas se a rivalidade futebolística não pode de forma nenhuma justificar atos de violência, da mesma forma, tal rivalidade não pode encobrir grandes e cruéis injustiças contra cidadãos brasileiros presos injustamente no país vizinho.

Os doze homens presos num calabouço boliviano não são meramente torcedores corinthianos. Antes de tudo, são cidadãos brasileiros submetidos a tratamento cruel e desumano, sem condições mínimas de saúde e higiene.

Sendo assim, a questão dos doze brasileiros detidos na Bolívia não é simplesmente um problema das autoridades desportivas, mas uma questão de Estado.

Nos últimos dias, peritos criminais foram entrevistados pela Rede Globo. Ao compararem as imagens do jovem que se apresentou às autoridades brasileiras como culpado pelo lançamento do objeto que vitimou o garoto boliviano, com as imagens do momento exato do lançamento do "sinalizador marítimo" divulgadas por uma rede de tevê boliviana, além da própria Rede Globo, não tiveram dúvidas em afirmar que se tratava da mesma pessoa. Da mesma forma, os peritos não reconheceram nenhum dos brasileiros presos na Bolívia como eventuais colaboradores do delito cometido.

Claro que as manifestações dos entrevistados não tem efeito algum no processo judicial que corre na Bolívia. No entanto, temos a evidencia que uma grave injustiça está sendo cometida contra nossos irmãos brasileiros presos como "bodes espiatórios" de um crime que não cometeram.

O desejo de justiça presente na sociedade - principalmente entre os bolivianos pelo crime cometido - não pode e não deve ser confundido com a sanha por vingança.

Se respostas devem ser dadas à sociedade após a perda do jovem Kevin, não será o sacrifício de inocentes a melhor maneira de encontrar justiça.

Os doze brasileiros não são cúmplices e não colaboraram de forma nenhuma para a morte do garoto Kevin Espada.

Por isso pedimos o apoio das autoridades da política externa para defenderem estes brasileiros submetidos à violência e à injustiça e sensibilizar as autoridades bolivianas para libertarem imediatamente nossos compatriotas.

O Brasil possui relações mais do que amistosas com a Bolívia.

Centenas de milhares de bolivianos vivem somente na cidade de São Paulo.

Infelizmente, muitos destes irmãos bolivianos estão submetidos à condições de trabalho degradantes, motivando permanentes esforços por parte das autoridades brasileiras para evitar abusos e proteger a população de imigrantes dos criminosos e exploradores.

Devemos todos caminhar juntos em busca da justiça. Jamais procurando vingança.

Os doze homens que estão presos na Bolívia não são apenas corinthianos, mas principalmente cidadãos brasileiros.

O Estado brasileiro tem obrigação de defender seus filhos, ainda mais com exemplo tão claro e notório de injustiça.

Esperamos sinceramente que nossos apelos sejam ouvidos e possamos contar com nossas autoridades neste momento tão difícil e delicado.




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