sexta-feira, 19 de outubro de 2012

De Regina Duarte a Silas Malafaia. O terrorismo político de Serra vive seus últimos dias



A julgar pelas primeiras pesquisas eleitorais no segundo turno, a estratégia adotada pelo candidato José Serra para esta etapa da eleição pode ser considerada equivocada.


Mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem manifestado seu desacordo com a aliança entre a candidatura de Serra e os setores religiosos mais conservadores.

Serra não se manifesta abertamente em seu programa de tevê sobre o tema das cartilhas de conscientização sobre a homofobia, apelidadas jocosamente de “kit gay”. Porém, líderes religiosos aliados têm disseminado críticas raivosas contra a política pública elaborada pelo Ministério da Educação, quando Fernando Haddad era responsável pela pasta.

O mais afetado dos pastores que desembarcaram na candidatura de Serra é o fundamentalista Silas Malafaia.



Vindo do Rio de Janeiro, o pastor desembarcou na cidade de São Paulo disposto a decidir o pleito em favor de seu aliado José Serra.

O cálculo político de Serra foi equivocado.

O candidato imaginou que o eleitorado paulistano, tradicionalmente conservador, iria aderir de pronto à cruzada moralista do pastor.

Certamente, a idéia era tirar o foco das questões relativas a péssima administração da dupla Serra-Kassab nos últimos oito anos.

Ao trazer a questão religiosa para o centro do debate, perde-se a oportunidade de discutir com profundidade e seriedade as questões fundamentais para a cidade de São Paulo.

O obscurantismo religioso coloca à frente de tudo as questões morais e comportamentais, deixando em plano secundário os graves problemas e infinitas possibilidades para esta São Paulo tão sofrida, mas tão querida e repleta de potencialidades.

Mas não foi a primeira vez que Serra utilizou este expediente nas eleições que disputou.

Se pesquisarmos num passado recente, veremos que isso vem sendo rotina nas campanhas do candidato.

Em 2002, quando Serra era o candidato governista contra a candidatura de Lula, nas últimas semanas que antecediam a votação, o tucano lançou mão da atriz Regina Duarte em seu programa de televisão.

A ex-namoradinha do Brasil se converteu em uma espécie de madame do mau agouro, ressentida e amargurada. Foi à tevê dizer que “sentia medo” da eventual eleição de Lula.




O terrorismo da “Viúva Porcina” não teve efeito eleitoral em benefício de Serra. Talvez, tenha até mesmo tido um efeito reverso no resultado do pleito.

Naqueles últimos dias de governo FHC, a cidade de São Paulo tinha um desemprego superior a 20% da população economicamente ativa.

A recessão econômica e o caos na infra-estrutura brasileira (com apagão e tudo) não constrangeram o então candidato que adotou o slogan “Serra é mais emprego” em sua eleição.

Tão logo foi eleito, Lula discursou com a famosa frase: “A esperança venceu o medo”.

Em 1985, quando o candidato à prefeitura de São Paulo era Fernando Henrique Cardoso, a ex-namoradinha pediu aos eleitores que não votassem em Eduardo Suplicy, pois isso significaria ajudar a candidatura de Jânio. Como se eleger FHC fosse um mal menor para São Paulo. Para sustentar sua teoria política, Regina lança mão da Alemanha dos anos 30, dizendo que na ocasião “os democratas se dividiram e Hitler subiu ao poder!”.

“Tudo a ver” com São Paulo dos anos 80.



Naquela mesma eleição, Jânio Quadros superou FHC que na véspera da eleição, atendendo a um pedido da Revista Veja, precipitadamente se sentou na cadeira de prefeito de São Paulo.

Mas ao contrário do que previa Regina Duarte, não foi a votação de Suplicy que elegeu Jânio Quadros.

Fernando Henrique ficou encurralado com as denúncias moralistas de Jânio sobre questões como aborto e a legalização da maconha.

A tacada final de Jânio naquelas eleições foi perguntar ao candidato FHC se ele sabia onde ficava o bairro de Sapopemba, um dos maiores colégios eleitorais de São Paulo.

Passados quase trinta anos, FHC manifestou com clareza sua posição política quanto à legalização da maconha. Agora, falta apenas o ex-presidente responder onde fica Sapopemba.

O duro golpe sofrido em 85 pelos agora peessedebistas, não sensibilizou José Serra. Ao contrário, parece ter oferecido um receituário para as futuras experiências eleitorais dos tucanos.

Em 2004, o divórcio de Marta Suplicy e seu novo relacionamento turbinou uma das campanhas mais cruéis que se tem notícia. Mesmo bem avaliada, a gestão de Marta não foi suficiente para garantir mais um mandato à ex-prefeita.

As últimas eleições presidenciais se transformaram em um “case” a ser estudado pelas próximas gerações.

O reposicionamento do Brasil na geopolítica internacional e o bom momento econômico, com a retomada do crescimento, ofereciam a oportunidade de discutir com alguma profundidade os projetos de desenvolvimento do Brasil para os próximos anos. Ainda que houvesse divergência entre as duas candidaturas, seria possível construir um consenso acerca de algumas questões fundamentais para nosso país.

Mas o tema em ebulição naquele segundo turno foi a discussão obscura sobre o aborto. O discurso religioso – recheado de ressentimento político – converteu este tema num tabu, impedindo que a questão fosse discutida seriamente, tratando o tema sob o ponto de vista da saúde pública.

De certa forma, o erro estratégico de Serra há dois anos se repetiu.

Todo o arsenal de denúncias, adesões, apoios, projetos, propostas e propagandas foram gastos na primeira etapa do pleito.

No segundo turno não há nada de novo.

Resta mais uma vez o discurso moralista e o apoio dos falsos profetas histéricos.

A população pode não ser majoritariamente entendedora de todos os meandros da política. No entanto, consegue captar como ninguém o cinismo e a mentira no discurso de um político.

Talvez isso colabore a compreender os 52% de rejeição nas últimas pesquisas eleitorais.

Serra cai e os votos nulos sobrem. Ou seja, mesmo aqueles que rejeitam a candidatura de Fernando Haddad ou se recusam a votar no Partido dos Trabalhadores, preferem anular o voto a optar pela candidatura de Serra.

O cálculo político de Serra não considerou o fato de que a maior parte de seu eleitorado está na classe média. Embora conservadora, a questão da homofobia é cada vez mais sensível a este eleitorado.

Politicamente, a classe média paulistana pode continuar aderindo ao discurso conservador. Porém, o apreço pelos direitos individuais parece ser algo inexorável nos nossos tempos. Para o eleitorado liberal, as garantias dos indivíduos são mais importantes, inclusive, do que os direitos coletivos de classe.

Nos Estados Unidos, George Bush foi um dos presidentes mais mal avaliados da história daquele país. Mesmo assim, conseguiu governar por dois mandatos e ter apoio político para suas empreitadas trágicas. A cada vez que seu poder político estava em cheque, Bush usava o medo do terror e as ameaças de Osama Bin Laden para concentrar poder e desqualificar seus adversários.

Serra usou e abusou deste recurso.

Por tudo isso e pelos inúmeros inimigos políticos que colecionou ao longo de sua carreira, inclusive entre seus correligionários, Serra sairá da vida política como uma figura menor.

Histórias tenebrosas da truculência política de Serra não faltam. Todo mundo conhece uma.

De Regina Duarte a Silas Malafaia, o terrorismo político de Serra será uma lição para as próximas gerações do que não se deve fazer na política.

A derrota inevitável desta prática pode melhorar o nível das próximas eleições.











quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A Queda! Últimos momentos de Serra na política.


Desde os tempos de líder estudantil até alcançar o posto de comandante da patrulha de choque do neoliberalismo brasileiro, Serra foi um líder político ousado, ambicioso e agressivo.

Após seus dois mandatos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se recolheu do cotidiano político e preferiu aceitar, com alguma satisfação, sua condição de gurú da direita brasileira.

Serra assumiu a chefia das "tropas" e fez um calculo político em que alcançar a 
presidência seria uma questão de tempo.

Não mediu esforços para desbancar seus adversários internos e ganhou o apoio de setores poderosos e importantes, como os grandes veículos de imprensa e o mercado financeiro.

Mas o sucesso dos mandatos de Lula  e sua capacidade de aglutinar os grandes capitalistas, liderando um governo de centro e atendendo os setores desenvolvimentistas, ressentidos de representação política após a devastação neoliberal, aniquilou a estratégia de Serra em se qualificar como única alternativa viável para o capitalismo brasileiro.

Serra foi empurrado para a direita.





Lá ficou, prensado e esmagado. Diminuiu seu tamanho político e sequer teve a capacidade de defender o projeto político que foi partícipe, como um dos maiores articuladores das privatizações e dilapidação da infra-estrutura nacional.

 

A derrota para Dilma foi humilhante. Não por ser derrotado pela candidata do presidente Lula, no alto de seus 80% de aprovação. Mas por ter cumprido um papel muito menor do que o esperado. Foi constrangedor.

O estilo truculento de Serra e a opção por destruir seus oponentes, em detrimento da possibilidade de construir alianças, desgastou sua figura e o tornou uma figura abjeta no meio político.
Pouco a pouco esta imagem que Serra cultivou nos bastidores da política passou a ser conhecida pelo eleitorado.

A imposição de seus projetos políticos pessoais aos interesses de seu partido e a insistência em ser candidato em tantas quantas eleições lhe fossem convenientes ficou visível aos eleitores, contrastando com a figura doce e serena vendida em suas propagandas eleitorais.

Existe um esgotamento do eleitorado com a figura política de Serra. Nas ruas, o que mais se ouve por parte de seus antigos eleitores é que "não da mais para votar no Serra" ou que "não agüentam mais olhar a cara do Serra".

 

E Serra repete muitos dos erros cometidos na eleição presidencial de 2010.

Neste segundo turno, em que o candidato deveria ampliar seu eleitorado e aumentar seu espaço de representação na sociedade, José Serra mais uma vez descamba para o discurso ultra conservador.

Em 2006, quando Alckmin perdeu para Lula na reeleição do ex-presidente, no segundo-turno o candidato, que precisava atender a um eleitorado mais amplo para derrotar Lula, cobrou providencias drásticas (alguns falavam em invasão) do Estado brasileiro contra a Bolívia de Evo Morales, que havia desapropriado instalações da Petrobras. Foi um desastre. 

Em 2010, Serra não se preocupou em trazer a luz grandes questões de Estado para superar Dilma no segundo turno. Tampouco precisou se expor na televisão para colocar em voga a questão do aborto. As grandes questões nacionais ficaram subordinadas ao debate obscurantista religioso em torno das políticas publicas de saúde para a mulher.

Padres e pastores pregavam o medo distribuindo panfletos nas cidades brasileiras.

Agora, Serra trouxe do Rio de Janeiro um pastor fundamentalista com o intuito de desviar as discussões sobre a administração municipal, colocando na pauta as cartilhas de combate a homofobia  nas escolas, apelidadas de "Kit Gay" pelos conservadores de direita.

As pesquisas já apontam o naufrágio da estratégia Serrista. 

Serra sairá da vida política menor do que entrou.

A eventual derrota de Serra decretará o fim de sua liderança política.

Rapidamente, o governador Alckmin acolherá os serristas remanescentes e poderá se consolidar como grande chefe do PSDB paulistano. Serra estará descartado.

Serra não queria ser candidato. Mas se sentiu obrigado, já que o mandato de prefeito poderia garantir seu patrimônio político e protegê-lo dos inúmeros inimigos que colecionou durante sua carreira.

Entrou na campanha pressionado pela derrota nas eleições presidenciais e pelas denúncias do livro "Privataria Tucana".

Serra está sendo condenado pelo conjunto de sua obra como político. 

Estes são os últimos dias da carreira política de Serra.

Caso ele permaneça na vida pública, se converterá em um "Zumbi Eleitoral".

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

FaceMusic, com Lorena Bertolin



Aproveito este espaço para divulgar o trabalho da minha amiga Lorena Bertolin.




Atualmente, dependemos muito menos da programação da mídia tradicional.



Podemos encontrar o conteúdo que esteja adequado ao nosso interesse na internet, em especial nas redes sociais que nos oferecem grandes pistas para irmos ao encontro daquilo o que procuramos.



A Lorena é uma moça dedicada e muito simpática.



Certamente colecionará uma grande audiência ao longo de sua carreira.



Abraços



Rafael Castilho



Segue o release do programa





O Programa aborda de uma forma super informal e simpática assuntos relacionados à música e cultura. Conta com a apresentação de vídeos e informações relacionados á música, como lançamentos, shows, movimentos culturais, projetos sociais, entre outros.





Durante o programa também acontecem entrevistas com artistas, músicos e profissionais da área, estes contando sobre seu trabalho, curiosidades, altos e baixos, entre demais assuntos relacionados. A entrevista é um bate papo bem informal, e quem está assistindo pode interagir enviando suas perguntas e sugestões através do chat.



Nesta segunda temporada o objetivo do programa é abordar com maior ênfase os projetos e ações sociais que acontecem em São Paulo e tratam de assuntos ligados à cultura regional e mundial.



No programa de estréia da segunda temporada (09/10/2012) teremos a presença de LICO CANDEIAS já confirmada, fundador do Instituto Lico Candeias no bairro de Pinheiros em São Paulo e guitarrista da banda THE FABULLOUS.



Com muitas novidades o programa já inicia sua segunda fase com a parceria da Editora Idéias & Letras que disponibilizará um Livro por semana para sorteio aos espectadores que curtirem a FAN PAGE do programa (http://www.facebook.com/facemusictv?ref=hl). Os sorteios serão durante a transmissão ao vivo do Programa e o sorteado receberá seu livro em casa pelo correio.

domingo, 14 de outubro de 2012

Campeonato Paulista de 1977. O maior acontecimento da história do futebol!










A conquista do Campeonato Paulista de 1977 continua emocionando a torcida do Corinthians que não se cansa de celebrar e reconhecer a grande conquista.

Vencemos a Libertadores. 

Enfim! Depois de tanto esperar. 

Por duas vezes, fomos campeões mundiais.

Foram acontecimentos históricos.

Porém, mesmo conquistando os campeonatos mais desejados pelos sul-americanos, os corinthianos continuam nutrindo um especial e inigualável amor pelo campeonato de 77.

Em tempos de globalização, as disputas continentais subordinam as conquistas nacionais em todas as partes do mundo.

A copa dos campeões da Europa tornou-se um evento acompanhado atentamente pelo mundo todo. A própria Libertadores da América, é transmitida nos bares dos principais países europeus que pouco a pouco passam a se interessar pelos jogos do Novo Mundo.

Mas nada pode superar o maior acontecimento da história do futebol mundial: A conquista do Campeonato Paulista de 1977 pelo Corinthians.

Para os jovens de hoje é difícil entender porque um campeonato regional poderia alcançar esta magnitude.

Mas há poucas  décadas o mundo não parecia tão pequeno quanto parece hoje. As fronteiras eram mais distantes.

Nos dias de hoje, quando algum paulistano visita o litoral do estado, sequer considera aquilo uma viagem. Ninguém mais diz: "fui viajar à Santos". Mesmo quando se vai o extremo do litoral norte, o paulistano já diz: "estou indo à praia".

Qualquer distancia menor do que mil quilômetros é muito fácil de encarar.

Viajar à Argentina tornou-se algo muito mais simples de uns tempos para cá.

Indiscutivelmente o mundo ficou menor.

Mas nos idos anos 70, em meio a Guerra Fria e em plena Ditadura Militar, as distancias eram mais longas e sabíamos muito pouco o que se passava no outro lado do mundo.

Aliás, existiam muitas coisas que, em verdade, éramos impedidos de saber.

Antes de 1977, o Corinthians havia ganhado o campeonato em 1954.

Imaginem só o processo histórico que estávamos vivendo...

Getúlio Vargas recém havia se suicidado. Seu gesto político foi o único possível para evitar o golpe da direita entreguista contra seu governo. Efetivamente, Vargas pagou com a vida, porém impediu durante anos que obscuras forças pilhassem nossas riquezas em favor do imperialismo estadunidense.

São Paulo era a cidade que mais crescia no planeta.

Um turbilhão de brasileiros, migrantes, imigrantes e retirantes chegavam à São Paulo e se equilibravam como podiam em bairros, vilas e favelas. Traziam seus parentes para trabalharem em fábricas nos intermináveis turnos da revolução industrial brasileira.

Nestes tempos tão sofridos, aquela gente pobre e trabalhadora encontrou logo um elemento de identificação social no processo histórico em que estavam inseridos.

Os indivíduos podiam não ter dimensão exata da grandeza épica daquele acontecimento, mas ao subir nas arquibancadas para assistir o Corinthians jogar, certamente sentiam pertencer a algo realmente grande. Participar de uma experiência coletiva fantástica.

Se o mundo era maior do que é hoje, os Corinthianos logo decidiram alcançar o mundo através do nosso Corinthians. O mundo era o Corinthians. Chegar a São Paulo e experimentar a cidade era deixar para trás o desterro, as privações, as guerras, a seca, o esquecimento. O Corinthians era a porta entrada desta nova vida, e deste novo mundo.

Vejam, o Corinthians não era o melhor dos times. O Santos, por exemplo, tinha Pelé. 

Nós acumulávamos algumas derrotas e decepções, mas sempre com momentos de êxtase e de magia. Vitórias tão fantásticas quanto simples. 

E este era o lance da identidade. O sofrimento e a simplicidade.

Não dava para torcer para outra equipe. O grande barato não era vencer. O que estava em jogo, no jogo do Corinthians, era o destino compartilhado daquela gente. O testemunhal histórico naquele mundo tão conturbado em que as experiências coletivas, inevitavelmente, eram ameaças ao sistema.

O que Getúlio impediu em 1954 (ano do campeonato do IV Centenário) com seu gesto de grandeza histórica, décadas depois ocorreu.  Um Golpe Militar levou ao poder generais ridículos que impediam o povo de escolher seu próprio destino.

Ser Corinthiano tornou-se muito mais difícil. Na bola e na vida. O clube mais brasileiro sofreu, porque o povo trabalhador também sofria. Ser corinthiano, além de tudo, trazia para o indivíduo uma aura subversiva e impertinente.

E como sofríamos. Não ganhávamos um campeonato. A roda da história foi girando e o tempo foi passando. A ditadura já era decadente e permanecíamos sem campeonato algum.


Mas a paixão só aumentava. A torcida só crescia. Milhões e milhões de brasileiros escolhiam o Corinthians. O lado negro e branco da força.

Naquela multidão toda, aconteciam encontros proibidos. Os perseguidos se reuniam e se perdiam em meio à multidão. Surgiu uma torcida organizada para exigir democracia e cobrar os poderosos. Os Gaviões estavam atentos. Olhando tudo o que acontecia. Tudo era pura subversão.

Quando aquela bola do Basílio afundou as redes do Morumbi, um grito de libertação saiu da garganta daquela gente. Era a redenção de um povo que fez a difícil escolha de ser corinthiano, mesmo quando todo racionalismo eunuco parecia obrigar uma decisão menos ameaçadora.

Nenhum momento do futebol poderá superar aquela grande vitoria.

Só quem é corinthiano entende.

Não há corinthiano que não chore revendo aquele gol.

Mesmo os mais jovens, que sequer haviam nascido naquele 13 de outubro de 1977 choram quando se deparam com aquele gol do Basílio.

Foi fantástico vencer a liberadores. Foi igualmente incrível vencer o segundo mundial em dezembro. Mas aquele jogo em que o Corinthians venceu vestindo aquele manto negro com listras brancas verticais será para sempre o maior momento da nossa história!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Moralistas hipócritas usam julgamento do mensalão para defender a ditadura



Tenho lido alguns artigos denunciando os arrepios legais no julgamento do mensalão. Pouco importa se existem provas. O que conta mesmo é o espetáculo midiático em torno deste julgamento.


São poucas vozes que se levantam. Qualquer um que ouse manifestar posição divergente ou provocar reflexão diante deste processo é rapidamente acusado de “quadrilheiro”.

Trata-se de uma inquisição, e quem não quiser queimar junto nesta “fogueira santa” deve permanecer em silêncio.

A opinião pública quer se vingar da classe política. Qualquer resultado que não fosse a condenação de todos os réus significaria uma gigantesca pizza servida no Jornal Nacional, com alguns poucos manifestantes vestindo nariz de palhaço e com vassouras nas mãos.

Caso os réus não fossem condenados, o país estaria mais inseguro. As crianças desaprenderiam os nobres valores da sociedade civil brasileira, tão temente a Deus e obcecada pela justiça.

Quanta hipocrisia!

Existem zilhões de comentaristas dizendo as mesmas coisas.

Não faz sentido eu usar este espaço se não for para provocar certas reflexões. Tampouco este blog costuma aliviar com medo da “ditadura do senso comum”.

Mas não vou comentar sobre os absurdos deste processo jurídico. Outros já o fizeram com brilhantismo.

Quero comentar as reações subseqüentes à condenação de José Genoino e José Dirceu.

Estava lendo os comentários dos leitores nos portais dos maiores jornais do Brasil.

Muitos destes leitores faziam protestos muito curiosos.

Não foram poucos os que lamentavam o fato de que a ditadura militar brasileira não tenha executado um número maior de opositores ao regime. Em especial os presos políticos Genoino e Dirceu.

Não foram poucos os que pediam um desagravo aos militares pela “grande obra” de extermínio de seus inimigos políticos.

Quando digo que tais protestos são curiosos é porque não são poucas as vezes que nos deparamos com acusações de que os governos Lula e Dilma estariam pondo em cheque a democracia, interferindo em nossas instituições republicanas.

Podemos entender que a ideologia difundida pela elite e propagada por alguns de seus empregados é que a democracia não passa de um método de dominação, apenas conveniente quando o grupo político hegemônico for representante direto de seus interesses.

Ou seja, quando o poder está nas mãos da “elite branca” devemos brindar a democracia.

Porém, quando o executivo é ocupado por esta “corja sindical”, clamemos por uma ditadura que venha nos redimir desta “anarquia”.

Para isso vale de tudo. Golpe militar ou “tapetão” judiciário.

Procura-se um general de farda ou um juiz de capa preta. Qualquer coisa serve para colocar as coisas em seus devidos lugares e reacomodar a velha hierarquia social.

O PT cometeu erros graves sim. Gravíssimos. Chegando ao executivo, acreditou que seu poder seria suficiente para subjugar a velha classe política tradicional. Imaginou que o apoio financeiro e político aos partidos da base seriam suficientes para ganhar a obediência das velhas raposas.

Como se não houvesse reles traições no meio do caminho.

Mas este grave erro é antecedido por outro ainda mais sério, e espero que o PT aprenda com ele.

O PT realmente acreditou que poderia se articular com a elite e controlar parte dela. Imaginou que a força do governo – com seu potencial político e econômico - permitiriam estabelecer uma agenda comum com a grande mídia. Ao controlar a economia, mantendo as bases do “acordo” do Estado com o Mercado, acreditou que as velhas forças se engajariam no projeto nacional do novo governo.

Besteira!

A relação da elite com o petismo é meramente funcional.

A velha elite se articula com o governo simplesmente porque precisa dele para manter as bases de seu domínio, porém não o reconhece como seu.

Freqüentaram durante um período os mesmos salões, mas na primeira oportunidade que tiveram, lançaram mão dos recursos disponíveis para colocar na cadeia aqueles que ousaram submete-los ao seu projeto.

E a classe média?

Ah, a classe média, como sempre incorporando como seu o projeto da classe dominante. Ainda que seja em seu próprio prejuízo. Tudo para não se aliar com a classe pobre. Seria terrível ser ultrapassada na escala social por esta gentalha.

E a classe média jamais perdoará Lula e o PT por subverter a velha hierarquia das castas brasileiras.

É mentira que os moralistas estejam preocupados com a corrupção!

Se assim fosse, jamais teriam sustentado tantos coronéis no poder durante tanto tempo. Quando os escândalos eram contra a velha classe política, os moralistas achavam até graça. Riam porque ninguém nunca conseguia provar nada contra o Dr. Fulano de Tal. Criaram até o slogan do “rouba, mas faz”.

Se os moralistas estivessem realmente preocupados com o bom uso do dinheiro público, não fecharia seus olhos diante dos bilhões que escorrem dos cofres públicos todos os meses para financiar os bancos.

Se estivessem realmente atentos, fiscalizariam o volume de publicidade pública na grande imprensa. Dinheiro para pagar o arrego dos governos aos verdadeiros donos do poder.

Por que a privataria tucana nunca foi motivo de indignação destes moralistas dos dias de hoje? Não faltaram gravações, documentos, provas e resultados econômicos para comprovar o roubo destas privatizações.

De Pedro Alvarez Cabral até os dias de hoje, nenhum roubo lesou tanto esta nação como as privatizações, do jeito que foram realizadas.

Por que esta classe de moralistas sente-se ofendida com a “bolsa esmola” que o governo usa para “sustentar os vagabundos que não querem trabalhar”? Por que ajudar os miseráveis agride tanto, quando os governos do mundo todo (inclusive o nosso) não se cansam de ajudar os bancos e as multinacionais, com a justificativa de salvar a economia mundial?

É tudo mentira!

A questão aqui é política!

Para os moralistas, tanto faz se um governo seja ladrão ou não.

O problema é que os “corruptos” da vez ousaram subverter a velha hierarquia. Fizeram da política seu ofício enquanto todos os outros trabalhavam obedientemente. Converteram-se em chefes enquanto todo mundo continuava cumprindo ordens.

Por isso a condenação foi “merecida”.

Aliás, deveriam ter sido eliminados décadas atrás pela ditadura que garantia a “ordem das coisas”.

Para quem se sente humilhado no dia-a-dia, mas obedece caninamente seus patrões na esperança de algum bem-estar e segurança, ainda que ilusórios, nada é mais irritante do que o “irmão rebelde”. Nada mais recompensador do que um “pai” enérgico que faça justiça ao seu esforço e lealdade e coloque as coisas em seu devido lugar.

Sonham com uma ditadura que venha redimir a frustração que sentem ao perceberem que foram excessivamente estúpidos e recalcados durante suas vidas.



Moralistas hipócritas!







sábado, 6 de outubro de 2012

Porque não votar no Serra



Neste domingo começaremos a decidir o futuro de São Paulo.

Tudo indica que teremos um primeiro turno embolado, com três ou quatro candidatos disputando duas vagas no segundo turno das eleições.

Como eu sei que através do meu blog consigo atingir diferentes públicos, não vou falar em nome de candidato algum.

Porém, vou fazer um apelo.

Inclusive aos eleitores do PSDB, que nos últimos anos vem acompanhando a indicação do partido nas eleições majoritárias.

Ou mesmo, aqueles que têm votado no PSDB porque rejeitam a ideia de votar no PT.

O meu apelo é o seguinte:

Por favor, não votem no Serra!

Vou tentar justificar este pedido nas próximas linhas e caso você concorde com estas motivações, por favor, compartilhe este texto com o maior número de pessoas.

 

Porque não votar no Serra.

 

Gestão Serra-Kassab

A gestão compartilhada por Serra e Kassab nos últimos oito anos asfixiou São Paulo.

Esta que é uma das maiores cidades do planeta se tornou limitadora e proibitiva. Não faltaram leis para inibir o potencial de convivência dos paulistanos. Seja nos bares, nas ruas, nas avenidas, nos estádios de futebol, nos meios de transporte ou nos equipamentos públicos, o que imperou foram as proibições moralizadoras e descabidas. O indivíduo é visto como um incômodo, constantemente alienado e distanciado do funcionamento da cidade.

Causa indignação o fato de que o rigor imposto de cima para baixo, desde o gabinete do prefeito até a vida dos cidadãos não é compatível com a eficiência do governo.

Não faltam multas, taxas, impostos e proibições. No entanto, os faróis da cidade são ultrapassados, os relógios de rua são estrutura metálicas fantasmagóricas, os ônibus desaparecem nos finais de semana e feriados.

Quando eu falo que a gestão Serra-Kassab asfixiou Sampa, penso neste governo demagogo e conservador. Talvez, o símbolo maior desta asfixia seja o trânsito caótico. A cada dia nos tornamos mais infelizes, envelhecendo dentro dos carros e ônibus.

Dizem que os paulistanos devem deixar seus automóveis em casa. Como se o ato de sair de carro fosse meramente uma atitude de egoísmo ou individualismo. Ora, o transporte público de São Paulo retrocedeu nos últimos anos.

Dos 80 km de corredores de ônibus prometidos por Serra, sabe quantos foram construídos? Nenhum!

Esta gestão é uma tragédia!

A insensibilidade é a marca do governo Serra-Kassab.

São Paulo não soube aproveitar o bom momento econômico dos últimos cinco anos.

A recuperação da construção civil, que poderia ser uma alternativa para descentralizar o desenvolvimento e gerar oportunidades na periferia de São Paulo, deu lugar a uma ciranda de especulação imobiliária, inclusive com assessores próximos ao prefeito se convertendo em magnatas da noite para o dia.

Enquanto subiam torres e shoppings, onde não mais havia espaço, piorando o trânsito e encarecendo ainda mais esta cidade, favelas foram estranhamente incendiadas e removidas num claro processo de “higienização social”.

Estes são somente alguns absurdos desta gestão opressora e incapaz.

Votar em Serra é premiar tudo o que aconteceu de terrível em São Paulo nos últimos anos e dar carta branca para que a cidade permaneça parada no tempo.

 

A QUESTÃO DO PSDB

Se você é eleitor do PSDB, saiba que o Serra vem sufocando a renovação política dentro do partido há muito tempo.

Seus projetos individuais, invariavelmente, são mais importantes do que o aparecimento de novas lideranças.

Enquanto outros candidatos buscavam a chance de trazer novas ideias para a gestão desta cidade, Serra coagiu o partido forçando sua candidatura. Tudo porque perdeu a eleição presidencial e precisava recuperar seu capital político. Talvez até a próxima eleição, quando pode ser novamente candidato a governador ou presidente.

E quem não se lembra do que o Serra fez contra o Alckmin. Humilhou o atual governador apoiando Gilberto Kassab na última eleição e fazendo com que o Geraldo sequer fosse ao segundo turno, saindo cabisbaixo da disputa.

E você que vota no PSDB para derrubar o PT. Será que os tucanos não estão há muito tempo governando o nosso estado e a nossa cidade? São 16 anos no poder. Isso não é ruim para São Paulo?

Procure outro candidato, mas, por favor, não vote no Serra.

 

EFEITO POLÍTICO

A eleição de Serra na maior cidade do Brasil seria terrível do ponto de vista político.

Serra é o maior representante brasileiro do neoliberalismo. Um “modo de governo” que devastou a economia mundial. Estados Unidos e Europa vivem crises grandiosas com milhões de desempregados por conta de políticos que defendem que o Estado não deve regular os mercados e deixam a economia sob os sabores e quereres dos banqueiros e especuladores.

Eles dizem que a crise é por conta do endividamento dos Estados.

Ora, os Estados não se endividaram por gerarem bem-estar aos seus indivíduos, mas por pagarem trilhões de dólares para cobrir o roubo dos grandes bancos.

E quem não se lembra da Era FHC com índices recordes de desemprego. A economia em crise. O Brasil privatizou suas empresas estratégicas entregando nossas riquezas nas mãos de empresas picaretas que não atendem aos interesses do país. O Estado deixou de investir em infraestrutura e o governo do qual Serra era um dos principais ministros terminou com um triste apagão, entregando o povo brasileiro às trevas.

E por falar em privatização, você já leu o livro Privataria Tucana? Se não leu ainda, deveria. Existem documentos que descrevem a ligação carnal da família Serra com empresários picaretas que pilharam nossas riquezas em poucos anos.

Por tudo isso, não vote no Serra. Um político que representa um tipo de governante que o mundo todo está tentando se livrar.

No mundo todo, a discussão é sobre o papel do Estado na economia. A quem deveria servir o Estado, senão aos seus indivíduos?

Não faz sentido uma prefeitura rica, com dinheiro guardado no banco, enquanto São Paulo continua caótica, moradores de rua dormindo debaixo das pontes e albergues sendo fechados, milhões de paulistanos vivendo em áreas de risco em moradias precárias, filas intermináveis no atendimento de saúde, crianças sem creche, etc.

Pense em tudo isso antes de votar.

Como disse inicialmente, não vou fazer aqui propaganda de nenhum candidato.

Mas, pelo bem de São Paulo e do Brasil, por favor, não votem no Serra!