sexta-feira, 10 de junho de 2011

Xenofobia Cucaracha


Esta semana, ao falar da eleição de Humala no Peru, comentei sobre o avanço da extrema direita na Europa.
Boa parte do primeiro mundo civilizado resolveu aderir aos discursos xenófobos, culpando os imigrantes estrangeiros pelas mazelas econômicas do neoliberalismo.
E o preconceito não se restringe aos africanos, árabes e latino americanos. Europeus do leste são perseguidos e impedidos de compartilhar o falso ideal de comunidade européia. Na verdade, a integração do continente se restringe ao mercado comum. Produtos industrializados devem ter livre acesso entre as fronteiras, mas o fluxo de pessoas parece ser cada vez mais indesejável.
Pois não é que a velha imprensa, representante da igualmente velhaca oligarquia, sempre atenta às novas tendências européias, começa a ensaiar os primeiros passos da xenofobia cucaracha?
No domingo, após a eleição do novo presidente peruano, o sofrível programa Manhattan Connection, em mais uma de suas hemorragias verbais, declarou que o Estado peruano vive de exportar cocaína para o Brasil. Isso falando do país que tem uma das economias que mais crescem no mundo e um dos destinos preferidos das emergentes multinacionais brasileiras.
Também nesta semana, o Jornal Nacional dedicou uma série de reportagens sobre as fragilidades das fronteiras brasileiras, quase sempre colocando os Estados vizinhos como cúmplices do narcotráfico e contrabando.
Ora, o fato de que os produtos oriundos do tráfico entrem por meio de nossas fronteiras não tem nada que ver com a cumplicidade política de nossos vizinhos. Aliás, se o nosso país é consumidor de drogas e de armas, por exemplo, logicamente que os produtos viriam de alguma parte. Sendo assim, nossos vizinhos são também vítimas do alojamento de criminosos que tiram proveito da histórica fragilidade institucional na América do Sul.
A lógica é simples, se o Brasil consome muito pó, haverá uma porção de “empreendedores” querendo vender. Se no interior do nosso território, os traficantes se escondem dentro de favelas, tirando proveito da ausência e abandono do Estado, o mesmo ocorre nas Américas. Os produtores procuram os locais mais pobres e ausentes de autoridade. Instalam-se em uma posição estratégica para atender os seus clientes.
E o Brasil é um cliente pequeno. O carro chefe continua sendo o norte americano. Alguém conhece algum país com fronteiras mais guardadas do que os Estados Unidos? Não existem estudos que indiquem o menor consumo de drogas no país mais rico do mundo, por conta das fronteiras super vigiadas.
Este é um assunto que merece maior atenção em outras oportunidades e não deixaremos de discutir. Mas não é justo estigmatizar nossos vizinhos por conta das drogas que “nós” mesmos consumimos.
Durante a campanha de José Serra, por inúmeras vezes, o Estado boliviano foi criminalizado por ser um possível exportador voluntário de armas e drogas.
Pois hoje o Jornal Nacional foi obrigado a anunciar que o presidente boliviano passou a exigir e fiscalizar o registro dos automóveis do país para combater a receptação de veículos roubados do Brasil.
Mas como as notícias sobre o presidente Evo Morales são restritas às ofensas e injúrias, o periódico global sequer mencionou o nome de Morales.  Fingiu que ele não existe.

Um comentário:

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